sábado, 13 de dezembro de 2008

O estatuto de estagiário

Uma das recentes mudanças verificadas a nível dos estágios pedagógicos de 2º/3º ciclos e secundário prende-se com o próprio estatuto do estagiário. Quando eu fiz estágio, ou melhor, quando a maioria de nós, professores no activo, fizemos estágio, éramos professores por inteiro, remunerados e com turmas à nossa responsabilidade. Os estagiários de hoje não são remunerados e nem mesmo são percepcionados como professores com todos os direitos e deveres daí inerentes, pelos seus pares.
Assim, os estagiários (não remunerados) são muitas vezes obrigados a recorrer a outros ofícios para financiar o ano de estágio em que, como sabemos, os gastos são muitos. Ocupados com esses ofícios que lhes permitem a sobrevivência, ficam com menos disponibilidade para os seus trabalhos nas escolas. Passam pouco tempo nas escolas e perdem contactos com colegas e a integração fica comprometida.
Por outro lado, algumas escolas não os aceitam como professores e, devido a lacunas regulamentares, os estagiários são, algumas vezes, impedidos de frequentar reuniões de grupo ou conselhos de turma por não estarem sujeitos ao sigilo profissional. Como podem os estagiários conhecerem os rituais escolares se estes lhes são vedados no ano que deveria ser o de iniciação à actividade profissional?
As turmas, os alunos, não são do estagiário. O estagiário não tem uma aula com os seus alunos sem o orientador que, por ser o responsável pela turma, sente necessidade de acompanhar todos os momentos de forma a garantir as boas aprendizagens dos seus alunos. Assim, como se pode estabelecer uma relação professor-aluno entre os estagiários e os alunos do orientador?
Estas são apenas três pequenas mudanças que a nova regulamentação dos estágios dos professores trouxeram. Não me parecem mudanças positivas para os futuros professores pois, da minha perspectiva, afastam-nos das escolas e deixam-nos num limbo sem serem já alunos da Universidade mas não sendo ainda professores.
Qual a vossa experiência?
Qual a vossa opinião sobre esta realidade que foi alterada, aparentemente, por motivos unicamente economicistas?